Curriculum
NELSON DIAS__________________________________
Nasceu em Matosinhos a 17 DE Fevereiro de 1940.
Concluiu o Curso Superior de Pintura em 1964 na Escola Superior de Belas Artes do Porto/FBA-UP.
Realizou a sua primeira exposição individual na Galeria Quadrante – Lisboa, em 1968.
Nos anos que se seguiram realizou várias encomendas para Tapeçaria e, no campo da Pintura, realizou uma intensa pesquisa numa linguagem “Pop” que nunca veio a público.
Em 1972, publicou o álbum de banda desenhada “Wânya, Escala em Orongo” com texto de Augusto Mota, numa edição da “Assírio & Alvim”.
Durante a sua carreira participou em inúmeras colectivas em Portugal e no estrangeiro e realizou várias exposições individuais, de que se destacam as últimas:
1989- “Anamnésias” – Galeria S. Francisco – Lisboa
1990- “Metamorfoses” – Galeria AlfaMixta – Lisboa
1991- “Géneses” – Galeria Espiral – Oeiras
Prémios:
1985 – 1º Prémio na Bienal de Desenho da Cooperativa ÁRVORE – Porto – Portugal;
1988 – 2º Prémio no Concurso Internacional de Desenho Perez Villaamil – Corunha – Espanha;
1991 – 1º Prémio de Desenho na III Bienal de Escultura e Desenho das Caldas da Rainha – Portugal;
1992 – 1º Prémio de Pintura no V Concurso Internacional de Pintura de Freiburg – Alemanha.
Está representado no Museu Armindo Teixeira Lopes, no museu Bello Pinero na Corunha-Espanha, no Museu da Caixa Geral de Depósitos e em inúmeras colecções particulares.
À data do seu falecimento em 1993 fazia parte integrante do corpo docente da FBA-UL como Professor Agregado onde exercia docência desde 1982/3.
Numa conjuntura cultural como a nossa, onde os picos de visibilidade pública das Artes Plásticas tendem, infelizmente, a afirmar-se em exclusivo mediante acontecimentos eminentemente gratuitos, conviria perguntar, quinze anos passados, onde está o pintor Nelson Dias?
Um dos aspectos em que é mais notório o défice histórico do meio artístico português é a carência de exposições individuais e retrospectivas representativas de nomes consagrados da história recente da arte moderna portuguesa.
Pouco usual entre nós que um artista, após a sua morte, seja homenageado por uma galeria, como na presente acontece, ou seja: uma mostra da obra feita, uma consciência da inserção do artista no tempo, e do tempo decorrido, uma qualificação ao seu nível de arte, da sua independência com maioridade estética.
Mais do que uma homenagem, esta exposição vai funcionar para muita gente como o encontrar formas de permitir e incentivar a fruição da arte. É falar de cultura, de a fazer assumir o seu papel interveniente e transformador de mentalidades, de a tornar acessível a um, cada vez maior, número de pessoas.
Tratando-se de Nelson Dias, para quem como eu e outros seus amigos que tiveram a honra de assistir e estar de perto da sua mestria de fazer e de ensinar, com a autoridade que só é consentida àqueles que são naturalmente mestres, ele dedicou muito de si ao desenho e à pintura, a esse trabalho árduo, exigente e por isso mesmo generoso, de transmitir ensinamentos, de formar gente.
E muitíssimo se lhe deve nessa prestigiosa tarefa.
A sua acção no âmbito do desenho e seu ensino deve ser merecidamente lembrada, pois seguramente foi uma das figuras, fascinante e polémica, que até hoje sobreviveu à nossa Escola.
Sendo, quanto a mim, desnecessário falar dos seus variados trabalhos, dado que a sua obra fala por si, ele foi um homem que tinha uma inquietação espiritual, uma grande capacidade criativa, uma enorme sólida formação cultural e filosófica, aliada a uma postura de acção.
O ensino artístico, e especialmente o ensino do desenho e da pintura na ESBAL ficaram mais pobres, estando todos os docentes agradecidos pela sua acção exemplar.
No patamar da vida, que é um privilégio dos homens invulgares, sobretudo nos artistas cuja vida verdadeira talvez comece quando o seu corpo vai para baixo da terra, reduzido a pó, Nelson Dias está vivo na sua obra, na História de Arte Portuguesa, no coração e na memória dos seus muitos amigos.
Até já amigo!
João Duarte, Outubro de 2007
PAÍS SUBMERSO
Do sítio onde nascem as ideias, os ideais, parâmetros de uma civilização mais do que milenar, questionaremos, e bem, a verdade ou a sua ilusão, a liberdade e o seu conceito, o conceito e a sua razão. Durante séculos de afirmação, os poderes instituídos pautaram-se por estatutos do estar, coeficientes de integração do indivíduo em sociedades ditas civilizadas. Contudo, e por outro lado, tais poderes filiaram de forma compulsiva, nos seus esquemas de conceito, civilizações anteriores, procurando garantir efeitos tendenciosamente indicadores no futuro.
Assim, ao longo de várias histórias da arte, e aqui permito-me ter o prazer de recordar Dino de Formaggio, foram passando em fita consertada aquilo a que os poderes, por sua conta e risco, elegeram e ditaram como arte. E escrevo arte com a minúsculo, porque a universalidade do produto assim mo exige. Da coisa à coisa-outra, temos um vasto caminho a percorrer, passando pelo entendimento dos substratos que a cultura de Estado não assume.
É facto, com efeito, que a história de arte está por fazer, toda ela.
Citando Rocha de Sousa, subscrevendo atenta e criteriosamente as suas palavras, reconheçamos que «a história da arte dos últimos cinquenta anos parece escrita sobre os joelhos».
É certo que há uma história bem mais real, verdadeira e fecunda, à qual devemos prestar cuidadosa pesquisa, porque a sua submersão é verdadeiramente grave e um atentado global à liberdade, à própria democracia, salvaguardando assim valores que passem por conceitos já adquiridos como bons, em termos de civilização e não de Estado.
Isto porque «toda a pesquisa tem obrigação de pressupor qual o seu objecto e o que, pelo menos, sumariamente ele é, e de optar por um método que, pelas provas de eficácia já dadas, permita progredir no conhecimento do que ele é. Mas o objecto estético, nascido do livre jogo da imaginação, livre até ao arbitrário e que, além de poder dispor de todas as riquezas da natureza ainda pode tirar partido do seu próprio fundo, apresenta-se-nos sempre com uma derrotante diversidade de conteúdos, aparências e categorias. Se, para definir Arte, tivéssemos de utilizar apenas um critério universalmente válido, seria necessário ordenar e conjugar todas as suas particularidades (evidentes e aparentes) e todos os elementos que nela influem de maneira mais ou menos determinante. Tal empresa, porém, torna-se na prática impossível, pois os materiais dados à pesquisa não se apresentam todos no seu conjunto, nem na sua intrincada rede de inter-relações: — os elementos que se mostram ao estudioso como desprovidos de interesse, ou apenas secundários, tiveram muitas vezes, para o artista. mais importância do que aqueles que se mostram em toda a sua evidência, dado que os elementos dispersos e aparentemente superficiais adquirem, na sua relação criativa organizada, um sentido que os ultrapassa na sua elementaridade isolada.
(Por isso, qualquer abordagem do fenómeno artístico é sempre complexa e discutível, não só pela pluralidade de perspectivas que consente, mas também pelas divergências direccionais que os argumentos utilizados, com frequência, tomam: — a contingência do discurso estético resulta, em parte, do carácter policêntrico do terreno de análise e, principalmente, da variabilidade dos contornos que o seu objecto de estudo foi historicamente adquirindo.)
Sendo a Arte um fenómeno que, na sua essência, se foi construindo a partir de uma "praxis" actuante pré-teórica, em que as frequentes mutações formais se demonstram com frequência mais importantes do que as suas invariantes, devemos começar por nos interrogarmos sobre a validade dos conceitos disponíveis pela análise do já feito, ou do que se está a fazer e se eles poderão ser caracterizados e ordenados como dados definitivamente adquiridos. Parece admissível supor que, no geral, a resposta será negativa, se, pelo menos, se pretender que os termos teóricos sejam definidos explicitamente por meio de um vocabulário anterior que não comporte outros termos para além dos já verificados. Na indeterminação de campo em que se move o discurso estético, quase só se pode afirmar com segurança, ainda aqui, também relativa, que a Arte existe e que sempre existiu, mas demonstra-se mais incapaz quando se trata de elaborar dela uma definição convincente, com nitidez e abertura necessárias a uma permanente validade temporal. A reserva que se levanta resulta em parte do facto de a Arte, diferentemente da sua concepção actual (se é que existe um conceito hodierno de arte conformemente generalizado), não ter tido outrora, e até em épocas históricas recentes, a existência autónoma de uma preocupação estética exclusiva ou mesmo prioritária. (e, entendamos aqui "estética" num sentido suficientemente lato). Apesar de não se pôr de lado a hipótese, nem que seja como mera hipótese, de sempre ter podido o artista, mesmo que num plano secundário ou inconsciente, uma difusa preocupação plástica, ele integrava-se no seio da sociedade, cumprindo a sua função com a consciência de que o seu trabalho só seria considerado ao nível do de qualquer outra actividade artesanal e que a aceitação da sua obra seria resultante da eficácia significante a que ela se destinava. A função e a técnica tornavam-se nesta perspectiva objectivantes, e as outras categorias limitavam-se a ser elementos mediadores, ainda que essenciais, para atingir a qualidade socialmente exigida: a "Arte" propunha-se então como uma espécie de teofania no interior do "ser colectivo " profundo, em cada uma das suas impressões e operações na base de uma intencionalidade integradora na totalidade do real objectivo e como necessidade de o individuo se identificar com o que ele não é para melhor e mais seguramente se descobrir nos por vezes complexos sistemas de relação sígnica que contribuem para dar sentido e segurança à existência comunitária. Porém, o conceito de qualidade plástica permanecia fechado no âmbito restrito da resposta a questões já conhecidas, segundo códigos pré-estabelecidos e onde a especialidade estética não parecia ter cabimento dominante: paradoxal- mente, objectivar a visão transcendental do mundo, colocando-o ao nível da vivência existencial. Não é de estranhar que para a eficácia do processo fosse necessário haver estabelecido um conjunto de normas conceptuais e convenções tacitamente aceites por tradição, que facilmente permitiam a sua leitura, aceitação e, até, veneração. Porém, não devemos ter ilusões a este respeito; a maior parte das leituras que a obra desencadeava ou permitia era muito mais de ordem religiosa ou cultual do que propriamente ou sequer estética. Mas, por outro lado, a importância significante que as imagens adquiriam, continha o destino da libertação expressiva dos significados nelas contidos, das relações entre os homens e destes com as coisas. A submersão das aparências da realidade pelos significados imagéticos estabelecidos demonstrou-se como a via possível da descoberta do universal no particular e como o espaço propício ao desenvolvimento dos valores plásticos dos referentes implícitos nas formas da realidade teologicamente vivenciada. Apesar disso, ou por isso mesmo, continuou a ser possível estabelecer um conjunto de características necessárias para que uma obra de arte se apresentasse como tal; mas quando os artistas, e ainda as embrionárias teorias estéticas, falavam de determinados valores, tinham já no seu horizonte qualidades plásticas ou conjuntos especiais delas e principalmente certas propriedades, tais como rigor, expressão, originalidade, perfeição, coerência, unidade formal, etc.
É evidente a preocupação de objectividade que está presente neste quadro de valores (em muitos aspectos ainda actual, assaz fáceis de constatar), qualquer uma daquelas propriedades, quando aplicada à fruição de uma obra de arte, perde toda a sua eficácia analítica objectiva, pela subjectividade que envolve qualquer destes conceitos. Mas é precisamente através dessa subjectividade dos conceitos, que parece só admitir um muito particular tipo de conhecimento, uma espécie de epistemologia ontológica que determina nos indivíduos uma capacidade para admitir desvios da sua própria vida interior para aceitar conteúdos psíquicos diferentes, tudo o que podemos chamar "empatia estética", de tal modo cada Um se identifica com o Outro pelo uso dos objectos mediadores que lhe servem de expressão. A tomada de consciência deste fenómeno conduz-nos à tentativa de elaboração de quadros de valores e de conceitos que fixem para sempre as mais sólidas qualidades da obra de arte.
É natural que, nesta base, as tentativas de definição da Arte tenham sido elaboradas, pensadas e deduzidas a partir do modo como se foi manifestando. Mas a validade do método tem que ser sempre posta em causa pelas características que esta vai adquirindo no seu processo de produção socialmente integrado.
Com efeito, uma abordagem empirista como a que atrás referimos, não pode admitir a fixação de uma linguagem que resulte dos predicados observados, porque neste campo de análise é sempre necessário fazer intervir processos menos restritos e mais envolventes: em certos casos temos que admitir um conhecimento puramente prático, noutros deveríamos conseguir formular descrições teóricas mais amplas das regras ou dos elementos determinantes que balizam o processo artístico. Assim, e numa perspectiva puramente pragmática, a Arte seria então uma característica de certos objectos produzidos pelo homem enquanto ser inteligente, que se manifesta pela capacidade de produzir nos outros uma emoção ou prazer, a que devemos chamar "prazer estético" e que conduza a um juízo de valor (ou gosto) sobre a obra em si mesma e a partir da sua intrínseca organização formal, cromática, tonal, gráfica e textural, ou seja, do domínio inventivo e expressivo dos elementos próprios da sua linguagem (aqui, apenas da linguagem pictórica). É óbvio que esta tentativa de definição, que julgo no geral tão aceitável como qualquer outra, enferma das ambiguidades naturais dessa mesmo alternativa. Por exemplo, quando se diz "uma característica", continua indefinida que característica ela é; e quando falamos dos elementos próprios da arte pictórica (ou, pelo menos, dos fundamentais) não podemos nem devemos normalizar de que modo eles se podem ou devem organizar para que possam "produzir nos outros" a "emoção ou prazer», isso a que justamente queremos chamar efeito estético. Além disso, quando se afirma que a pintura utiliza os elementos próprios da sua linguagem com uma "intrínseca organização formal, cromática, etc.", admite-se descontraidamente que a pintura aceita um código ou uma gramática e que as teorias que dizem respeito à comunicação possam explicar a Arte. Mas se por "explicar a Arte" se entende caracterizar o fenómeno artístico segundo um juízo de valor, temos que admitir que a expressão pode ser uma apropriação abusiva dos termos das teorias da comunicação porque a pintura talvez possa não ser uma linguagem, ou não é mesmo uma linguagem no sentido mais restrito do termo. Por outro lado, os "juízos de valor" estão tão dependentes da informação, formação e sensibilidade, em suma, do gosto do fruidor, que as considerações sobre a qualidade das obras parecem dependentes de factores que lhes são exógenos a tal ponto que frequentemente se julga estar a "qualidade" mais no fruidor do que na própria obra.» (1)
Agora mesmo, nas horas em que decorrem actos vários de divulgação cultural, continuamos tristemente a assistir aos mesmos episódios «epitafiais» e diários de acções de estupro e maldizer que só podem satisfazer a necessidade de escândalo sentida pelas massas, quase ao modo como os gladiadores brindavam o desejo das multidões com o próprio sangue. É um espectáculo retrógrado e subversivo este com que todos os dias somos «contemplados» pelos meios de comunicação social.
Subversivo de todos os valores culturais por que tanto ansiamos. Subversivo porque criam no espectador o medo do outro e assim pressupõem e privilegiam uma sociedade que propicia o domínio pelo terror e pela violência, privilegiando o poder do aquisitor sobre o adquirido.
Pergunto ainda se esta nova «massa de escravos» quererá, se bem informada, este «admirável» mundo liberal?
Os contra-sensos criados em termos anti-natura, tão brilhantemente descritos numa inquietante premonição de Aldous Houxley no seu “Admirável Mundo Novo” remetem o homem para condições sociais em que os choques tecnológicos são armas de poder mal constituído.
Com todas estas palavras quero introduzir a ideia, que me parece fecunda, de tentar visionar o País Submerso em que vive o aculturado, sempre a aceitar tudo o que lhe atiram como bom.
Não falo de influências e saberes.
Falo de factos vividos dia a dia, em que vejo as várias áreas da cultura invadidas e estranguladas por agentes do poder, de poderes impostos por «quem de direito».
Para não perigar por algum indicador de nacionalismo, passo a afirmar que respeito todas as trocas de informação cultural, orais, escritas, de qualquer credo, ou ainda, e com mais rigor, no domínio das artes plásticas que é a área a que me dedico.
Sabemos ainda que toda a teorização estética ocidental se baseia nas teorias platónicas e/ ou neo-platónicas.
Ainda: a busca incessante do conceito de “belo” que percorre as páginas de todos os filósofos e estetas não é mais do que a busca do sentido da Verdade e do Prazer Estético e dos seus fundamentos.
As pesquisas e práticas renascentistas, advindo de descobertas científicas ou pré-cientificas, situando o Homem como elemento central e medida de todas as Coisas, dá um incremento real a conceitos representativos revolucionários em que a tridimensionalidade é assumida como princípio da representação e de relação entre o Homem e o Mundo.
Daqui, os conceitos epocais — sociais, morais, éticos e estéticos — tomam uma ênfase propiciatória aos desenvolvimentos futuros, em que as marginalidades se debatem na impossibilidade institucional de integração. Advindo todos os maneirismos desta impossibilidade, colocam-se dialecticamente numa mais valia para as sociedades vindouras, surgindo assim novos conceitos de Arte e de Mercado, em que os valores se digladiam e complementam numa argamassa complexa, muito difícil é desconstruir/construir um País tão mal informado, como o nosso.
O estado da Arte, ou seja, do culto do saber sobre a Arte, peca por menoridade.
Se os anos oitenta trouxeram para o mercado da cultura protagonistas «emergentes» impostos pela critica, e por bem ser, e também, por agentes de mercado embevecidos pela novidade do Mal Fazer, os chamados «Novos Novos», auto-intitulando-se de «transvanguarda», fazendo-se detentores de verdades importadas, «declinando» e «conjugando» valores afinal apropriados a outras sociedades, aí mesmo já ultrapassados por razões de mercado que não urge agora aqui descrever, subverteram de facto o espírito do gosto e trouxeram benefícios culturais ao roufenho espírito luso.
Por outro lado, abriram diques, aparentemente inultrapassáveis, e permitiram um mercado aberto a toda a espécie de fraude criativa. Tresloucadas aparições de pseudo-artistas detentores de meios próprios ou apropriados de outrem, espalhafatando-se em arraiais de diletantismo, extravasando pós-modernidade, arrastando-se em espectáculos dignos (sim) desta infra-sociedade em que o consumo aumenta na justa e inversa medida da qualidade…
Assistimos neste país a assaltos constantes às instituições por parte de oportunismos infames e consentidos que submergem, isso sim, os valores autênticos de uma cultura que se quer rica e verdadeira.
Passamos a assistir a uma invasão de falsos valores, por mal compreendidos os
fenómenos de evolução e/ou revolução cultural e artística.
As inquietações mal resolvidas num Pais em que a cultura é, e só, beneficio de alguns, apenas poderá gerar confusões de saber, confundindo o ver com o conhecer e o conhecer com o saber. Assim se aproveitam as brechas e os cultos marginais, submergindo valores autênticos, substituindo-os por facilitismos, oportunismos e «medos sociais» de não estar em acordo com as elites do novo saber, do novo poder, sistema feito de arautos declarantes de um novo mundo que esqueceu a existência de um d’Assumpção Dourdill, de um Demèe, de um Rogério Ribeiro, de um Nelson Dias e, mais recentemente, de um Nery, de um Pedro Chorão, de um Rocha de Sousa e até de um Júlio Resende.
Numa ânsia enlouquecida de seguir o modo de estar num mundo global, os nossos «sábios» esquecem ou nunca souberam as autênticas existências e pescam, em «curadorias» emergentes e ansiosas, novas formas de imposição, criando para o poder um suporte cultural que não existe, tudo numa euforia de estar a par (ou passo a passo) com os «residentes» desta pérfida aldeia global.
País submerso este, tão tristemente esquecido de si próprio, imerso em esquemas alheios de alienação e propaganda…
Maria João Franco
Abril/2008
- 26 DE JANEIRO DE 2012
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