Prancha inédita de uma nova versão de Wanya
Nelson Dias//Wanya ,Escala em Orongo
Homenagem
Foto de Maria João Franco
Nelson Dias foi homenageado no dia 2 de Setembro de 2008 em Lisboa, pela sua obra Wanya,Escala em Orongo inserida já na hitória da Banda Desenhada portuguesa dos anos 70.
Geraldes Lino,dinamizador da Tertúlia BD de Lisboa
Sara Franco,ilustradora,filha do autor
Nelson Dias//Wanya ,Escala em Orongo
Homenagem
Nelson Dias 1965
Foto de Maria João Franco
Nelson Dias foi homenageado no dia 2 de Setembro de 2008 em Lisboa, pela sua obra Wanya,Escala em Orongo inserida já na hitória da Banda Desenhada portuguesa dos anos 70.
A homenagem decorreu durante um jantar organizado por Geraldes Lino,grande dinamizador da Tertúlia BD de Lisboa .
Geraldes Lino,dinamizador da Tertúlia BD de Lisboa
Sara Franco,ilustradora,filha do autor
Durante o jantar foi dada a conhecer e distribuída uma nota/síntese biográfica da autoria de Maria João Franco, artista plástica viúva do autor.
Maria João Franco entregando um exemplar de Wanya ,Escala em Orongo,
edição limitada da Gradiva, sorteada durante o jantar.
Nelson Dias nasceu em Matosinhos a 17 de Fevereiro de 1940.
Filho mais novo de uma família nortenha marcada pelo peso do poder da recém emigração nortenha do Brasil, foi uma criança solitária, brincando com recortes e desenhos, fabricando os próprios brinquedos, longe de interesses de família.
Aprendeu a ler cedo, com o Pai, ao passear pela “baixa” portuense com os letreiros supostamente publicitários dos anos quarenta.
Fez a escolaridade no Porto, no Liceu Passos Manuel, passando depois para a, então, ESBAP, onde se licenciou em Pintura, em 1963.
Convivendo muito precocemente com pintores e intelectuais da época, os seus interesses coincidentes, rapidamente se desenvolveram e agregaram conhecimentos que convergiram de forma inequívoca para a sua formação cultural.
Sempre grande leitor de BD, aprendeu a desenhar pela cópia exacta dos vários personagens das várias publicações existentes em Portugal.
A sua grande destreza como desenhador isso mesmo lhe permitia, a par do seu enorme talento criativo que mais tarde revelou pela qualidade e espírito de pesquisa verificável em toda a obra plástica que construiu.
Foi professor de Desenho na Escola Industrial e Comercial de Leiria de 1964 a 1974,sendo então destacado em missão de serviço para a reestruturação e reforma da Escola do Magistério de Leiria.
Em 1983 ocupa o lugar de assistente de Desenho na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, actual Faculdade de Belas Artes de Lisboa.
Em 1987 foi indigitado pelo Professor Pintor Gil Teixeira Lopes para o cargo de professor assistente na disciplina de Pintura.
À data do seu falecimento, em 26 de Janeiro de 1993 era professor agregado/efectivo da ESBAL/FBAUL, cargo que não chegou a exercer.
Da sua obra plástica, destacam-se várias fases constituídas por peças em que podemos detectar a par de uma inconfundível marca pessoal, influencias sucessivas de Augusto Gomes e Júlio Resende,
Do informalismo expressionista das escolas da abstracção francesa e americana dos anos sessenta/setenta e uma posterior aproximação à cultura POP em que podemos enquadrar Wanya, Escala em Orongo, não podendo pôr de lado o aparecimento da nova BD francesa, sobretudo a de Nicolas de Devil com Saga de Xam, que consideramos ter tido uma influencia decisiva na criação de Nelson Dias, no enquadramento plástico das pranchas, fazendo apelo à composição marcadamente POP no que respeita à narrativa imagética plástica, pela sua constituição eidética, num universo já marcado pelas mudanças post Maio de 68.
Evidente se torna, porém que toda uma consciência do SER Total, do homem enquanto habitante de um Universo desconhecido e misterioso, habitável por existências possíveis, compatíveis ou não com o “terrestre”, faz do autor um pesquisador insaciável de todas as verdades possíveis.
É neste universo total de possibilidades e realidades que surge a criação desta história cujo primeiro veículo narrativo é a imagem, sujeito fundamental nesta obra, e que, por isso mesmo é considerada uma peça fundamental na BD portuguesa. A sua qualidade plástica assim o exige!
Poderíamos aqui fazer toda uma análise, semiologica e plástica da obra, não que tal fosse fastidioso, mas para este fim, não oportuna.
Detivemos um pouco sobre Wanya, por razões desta homenagem, tendo o obra de Nelson Dias como pintor outras vertentes expansivas como foi dito, através da pintura e do desenho, coincidindo as fases posteriores com o sentido de novas relações do corpo com situações de alerta, seja em O Corpo e o Grito, seja em outras obras não tituladas em que o autor regista o seu sentido de critica social numa linguagem pictórica e gráfica expressa do ponto de vista da afirmação da sua linguagem pessoal.
No fim e depois dos anos oitenta, Nelson Dias regressa a um universo imagético próximo da premonição existencial, através da criação de formas paradigmáticas de um universo outro, passível de existências que não as nossas ou de outras, estas osmóticas entre seres inventados para outras formas do existir.
Assim, Nelson Dias, aqui hoje homenageado deixou-nos uma obra digna de grande referência nos campos pesquisa, operacionalidade e qualidade plástica.
Maria João Franco
17 de Agosto de 2008
Filho mais novo de uma família nortenha marcada pelo peso do poder da recém emigração nortenha do Brasil, foi uma criança solitária, brincando com recortes e desenhos, fabricando os próprios brinquedos, longe de interesses de família.
Aprendeu a ler cedo, com o Pai, ao passear pela “baixa” portuense com os letreiros supostamente publicitários dos anos quarenta.
Fez a escolaridade no Porto, no Liceu Passos Manuel, passando depois para a, então, ESBAP, onde se licenciou em Pintura, em 1963.
Convivendo muito precocemente com pintores e intelectuais da época, os seus interesses coincidentes, rapidamente se desenvolveram e agregaram conhecimentos que convergiram de forma inequívoca para a sua formação cultural.
Sempre grande leitor de BD, aprendeu a desenhar pela cópia exacta dos vários personagens das várias publicações existentes em Portugal.
A sua grande destreza como desenhador isso mesmo lhe permitia, a par do seu enorme talento criativo que mais tarde revelou pela qualidade e espírito de pesquisa verificável em toda a obra plástica que construiu.
Foi professor de Desenho na Escola Industrial e Comercial de Leiria de 1964 a 1974,sendo então destacado em missão de serviço para a reestruturação e reforma da Escola do Magistério de Leiria.
Em 1983 ocupa o lugar de assistente de Desenho na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, actual Faculdade de Belas Artes de Lisboa.
Em 1987 foi indigitado pelo Professor Pintor Gil Teixeira Lopes para o cargo de professor assistente na disciplina de Pintura.
À data do seu falecimento, em 26 de Janeiro de 1993 era professor agregado/efectivo da ESBAL/FBAUL, cargo que não chegou a exercer.
Da sua obra plástica, destacam-se várias fases constituídas por peças em que podemos detectar a par de uma inconfundível marca pessoal, influencias sucessivas de Augusto Gomes e Júlio Resende,
Do informalismo expressionista das escolas da abstracção francesa e americana dos anos sessenta/setenta e uma posterior aproximação à cultura POP em que podemos enquadrar Wanya, Escala em Orongo, não podendo pôr de lado o aparecimento da nova BD francesa, sobretudo a de Nicolas de Devil com Saga de Xam, que consideramos ter tido uma influencia decisiva na criação de Nelson Dias, no enquadramento plástico das pranchas, fazendo apelo à composição marcadamente POP no que respeita à narrativa imagética plástica, pela sua constituição eidética, num universo já marcado pelas mudanças post Maio de 68.
Evidente se torna, porém que toda uma consciência do SER Total, do homem enquanto habitante de um Universo desconhecido e misterioso, habitável por existências possíveis, compatíveis ou não com o “terrestre”, faz do autor um pesquisador insaciável de todas as verdades possíveis.
É neste universo total de possibilidades e realidades que surge a criação desta história cujo primeiro veículo narrativo é a imagem, sujeito fundamental nesta obra, e que, por isso mesmo é considerada uma peça fundamental na BD portuguesa. A sua qualidade plástica assim o exige!
Poderíamos aqui fazer toda uma análise, semiologica e plástica da obra, não que tal fosse fastidioso, mas para este fim, não oportuna.
Detivemos um pouco sobre Wanya, por razões desta homenagem, tendo o obra de Nelson Dias como pintor outras vertentes expansivas como foi dito, através da pintura e do desenho, coincidindo as fases posteriores com o sentido de novas relações do corpo com situações de alerta, seja em O Corpo e o Grito, seja em outras obras não tituladas em que o autor regista o seu sentido de critica social numa linguagem pictórica e gráfica expressa do ponto de vista da afirmação da sua linguagem pessoal.
No fim e depois dos anos oitenta, Nelson Dias regressa a um universo imagético próximo da premonição existencial, através da criação de formas paradigmáticas de um universo outro, passível de existências que não as nossas ou de outras, estas osmóticas entre seres inventados para outras formas do existir.
Assim, Nelson Dias, aqui hoje homenageado deixou-nos uma obra digna de grande referência nos campos pesquisa, operacionalidade e qualidade plástica.
Maria João Franco
17 de Agosto de 2008
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