quem somos

QUEM SOMOS







O Casa Amarela 5B -Jornal Online surge da vontade de vários artistas, de, num esforço conjunto, trabalharem no sentido de criar uma relação forte com o público e levando a sua actividade ao seu conhecimento através do seu jornal online.

Este grupo de artistas achou por bem dedicar o seu trabalho pintorNelsonDias, https://www.facebook.com/pages/Nelson-Dias/79280420846?ref=hl cuja obra terá sido muito pouco divulgada em Portugal, apesar de reconhecido mérito na banda desenhada, a nível nacional e internacional e de várias vezes premiado em bienais de desenho e pintura.


Direcção e coordenação: Maria João Franco.
https://www.facebook.com/mariajoaofranco.obra
contactos:
franco.mariajoao@gmail.com
+351 919276762


Thursday, September 11, 2008

O filho do Cidadão Miguel Lino/A Legenda

Miguel Franco 1973
Faz hoje 45 anos que faleceu subitamente Miguel Germano Franco, aos 17 anos, filho de Miguel Franco, autor de "A Legenda do Cidadão Miguel Lino".
Obra em que questiona a variabilidade dos conceitos de liberdade.
Miguel Franco faz também uma sentida homenagem ao filho, não só dedicando-lhe a obra, mas também, dando-lhe corpo através de um dos seus personagens.
"..Alguns da minha saudade( assim os vivo, assim os faço viver, assim os readquiro)"
do prefácio de A Legenda de o Cidadão Miguel Lino

M.J.F.

LIVRARIA TRAMA_10:10_projecto



Projecto [10:10]: durante 10 semanas os cartazes dos concertos realizados na Trama serão feitos por um artista convidado. Este projecto, à semelhança do que tem vindo a acontecer, tem como objectivo dar a conhecer o trabalho de cada artista e, simultaneamente, divulgar as actividades da livraria. A 4 de Setembro inaugurámos o primeiro da série de dez cartazes com uma imagem do fotógrafo Adriano Batista; hoje mostramos o segundo. Se quiser conhecer outros trabalhos deste fotógrafo pode visitar o blogue, o myspace ou o Olhares.

"Adriano, 21 anos. Pure, raw, explosive pleasure! Better than drugs, better than smack! Better than a dope-coke-crack-fix-shit-shoot-snif f-ganja-marijuana-
blotter-acid-ecstasy! Better than sex, head, 69, orgies, masturbation, tantrism, Kama Sutra or Thai doggy-style! Better Marilyn, Lara Croft and Cindy Crawford's
beauty mark! Better than the first man on the moon! Schwarzenegger's testosterone shots, Pam Anderson's lips! Better than freedom, better than life!"

A
trama é urdida pela Catarina e pelo Ricardo com o apoio da Seiva Bruta (produção musical) e da Sara Franco (coordenação de artes visuais).

Wednesday, September 10, 2008

Quase silêncio/Prof.Dra.Shirley Carreira

Maria João Franco:"de que te falo neste mar ausente"

Quase silêncio: uma crônica sobre o amor
Profa. Dra. Shirley de Souza Gomes Carreira Professora de Literatura Comparada da UNIGRANRIO



Se há algo que distingue os seres humanos é a expressão amorosa. Aversa à lógica, a paixão tem meandros sinuosos e a sua representação verbal vai do silêncio à torrente de palavras. O título que dei a esta crônica, “quase silêncio”, expressa uma concepção amorosa vivenciada como sentimento que a linguagem dificilmente poderia traduzir; concepção esta que se localiza no espaço, ou entre-lugar, como diria Silviano Santiago, entre a palavra e o silêncio. Poucos escritores são felizes ao representar o amor. O lugar comum tende para a pieguice ou a sensualidade excessiva. Mas há os que o fazem com a perfeição de quem constrói uma sinfonia, abarcando todas as suas nuances, as idas e vindas das relações amorosas humanas, os anseios e frustrações que só o coração conhece. Ao ler O amor secreto, de Paola Calvetti, deparei-me com a extrema habilidade da autora para representar as variações da expressão amorosa, as sutilezas dos grandes silêncios e o arrebatamento da avalanche de palavras. O romance reúne duas personagens, Constanza e Andrea, cujas personalidades são absolutamente opostas, que, ainda assim, cultivam um amor adúltero, entremeado por crises e breves pausas até a separação final, que não é suficiente para tirar do sentimento a sua força. Uma separação final para a qual não há despedida; cabendo ao destino trazer à luz o amor secreto, que fora construído no desencontro entre dois seres cuja expressão amorosa era diversa: ela, no borbulho constante da palavra, ele, no mutismo e passividade do silêncio. Mas, ainda assim, amor. Um amor que a protagonista, Constanza, define como “de conversação”, pois, no entremeio dos encontros fortuitos, foi, principalmente, um amor “epistolar”. As provas dessa conversação vêm à tona pelas mãos de Lucrécia, que encontra, após a morte do pai, uma caixa contendo as cartas de Constanza, vestígios concretos de um amor que existiu nas sombras. A filha, a quem pouco antes de morrer o pai confidenciara a existência de Constanza em seu passado, traz as cartas com o ar de desafio de quem se sente roubada de uma parte da vida do seu grande ídolo, mas acaba por render-se ante uma história de amor belíssima, ainda que sem happy end. As cartas são, segundo a sua autora, “a prova do seu exagero emotivo”; destinadas a preencher os vazios e ausências que compunham a trama de seu aprendizado amoroso. Cartas que não eram, na maioria das vezes, respondidas. Expressão torrencial do amor que não encontrava eco no mutismo do ser amado. Busca incessante de expressão de amor recíproca, que viesse a transformar o amor secreto em uma escolha. A cumplicidade de corpos e de alma não fora suficientemente forte para romper o silêncio, para vencer as barreiras que Andrea construíra em torno de si. Aos poucos, a torrente foi-se esgotando até findar-se em uma última carta, que Constanza não tivera a coragem de enviar: uma carta de adeus. Constanza e Lucrécia relêem juntas os vestígios do amor secreto; a primeira com a nostalgia de quem traz trancada dentro da alma uma obra inacabada, a segunda com a curiosidade de desvendar o outro lado da vida de seu pai. O romance atinge o seu clímax no momento em que Constanza descobre um envelope deixado por sua hóspede antes de partir. Uma carta, igualmente nunca enviada, na qual, finalmente, Andrea admitia que amara profundamente a mulher que se entregara a ele de uma forma transbordante, excessiva, absoluta, implorando-lhe que lhe concedesse a oportunidade de vivenciar uma grande história de amor; história que ele negara a ela e a si mesmo, descobrindo, apenas tardiamente, que nenhum amor pode ser vivido com reservas, com moderação. Cito uma passagem dessa carta que, enquanto leitora, chamou-me a atenção: “Não sei quem disse que “as mulheres não se limitam a viver as paixões: comentam-nas. E assim as vivem duas vezes”. Ler esse romance me fez pensar no ponto de encontro entre seres tão diferentes, na densidade de um amor construído entre opostos. Concluo que a linguagem amorosa tem uma ordem simbólica diferente do sistema lingüístico, pertence à esfera do quase silêncio, o entre-lugar em que a comunicação evolui para uma simbiose que permite o conhecimento de si e do outro, um adivinhar-se em gestos e palavras do cotidiano. A realização desse entre-lugar não depende da localização espacial: pode estar em um sobrado antigo de uma rua parisiense, ou em uma janela aberta para o céu de Lisboa. Principalmente, está dentro de cada ser humano, na capacidade infinita de sentir, dar e receber amor.
Referência Bilbiográfica

CALVETTI, Paola. O amor secreto. Tradução de Y. A. Figueiredo. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.

Thursday, September 4, 2008

Homenagem a Nelson Dias||Wanya,Escala em Orongo

Prancha inédita de uma nova versão de Wanya


Nelson Dias//Wanya ,Escala em Orongo

Homenagem



Nelson Dias 1965

Foto de Maria João Franco


Nelson Dias foi homenageado no dia 2 de Setembro de 2008 em Lisboa, pela sua obra Wanya,Escala em Orongo inserida já na hitória da Banda Desenhada portuguesa dos anos 70.
A homenagem decorreu durante um jantar organizado por Geraldes Lino,grande dinamizador da Tertúlia BD de Lisboa .




Geraldes Lino,dinamizador da Tertúlia BD de Lisboa

Sara Franco,ilustradora,filha do autor


Durante o jantar foi dada a conhecer e distribuída uma nota/síntese biográfica da autoria de Maria João Franco, artista plástica viúva do autor.



Maria João Franco entregando um exemplar de Wanya ,Escala em Orongo,

edição limitada da Gradiva, sorteada durante o jantar.



Nelson Dias nasceu em Matosinhos a 17 de Fevereiro de 1940.
Filho mais novo de uma família nortenha marcada pelo peso do poder da recém emigração nortenha do Brasil, foi uma criança solitária, brincando com recortes e desenhos, fabricando os próprios brinquedos, longe de interesses de família.
Aprendeu a ler cedo, com o Pai, ao passear pela “baixa” portuense com os letreiros supostamente publicitários dos anos quarenta.
Fez a escolaridade no Porto, no Liceu Passos Manuel, passando depois para a, então, ESBAP, onde se licenciou em Pintura, em 1963.

Convivendo muito precocemente com pintores e intelectuais da época, os seus interesses coincidentes, rapidamente se desenvolveram e agregaram conhecimentos que convergiram de forma inequívoca para a sua formação cultural.

Sempre grande leitor de BD, aprendeu a desenhar pela cópia exacta dos vários personagens das várias publicações existentes em Portugal.
A sua grande destreza como desenhador isso mesmo lhe permitia, a par do seu enorme talento criativo que mais tarde revelou pela qualidade e espírito de pesquisa verificável em toda a obra plástica que construiu.

Foi professor de Desenho na Escola Industrial e Comercial de Leiria de 1964 a 1974,sendo então destacado em missão de serviço para a reestruturação e reforma da Escola do Magistério de Leiria.
Em 1983 ocupa o lugar de assistente de Desenho na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, actual Faculdade de Belas Artes de Lisboa.
Em 1987 foi indigitado pelo Professor Pintor Gil Teixeira Lopes para o cargo de professor assistente na disciplina de Pintura.

À data do seu falecimento, em 26 de Janeiro de 1993 era professor agregado/efectivo da ESBAL/FBAUL, cargo que não chegou a exercer.

Da sua obra plástica, destacam-se várias fases constituídas por peças em que podemos detectar a par de uma inconfundível marca pessoal, influencias sucessivas de Augusto Gomes e Júlio Resende,
Do informalismo expressionista das escolas da abstracção francesa e americana dos anos sessenta/setenta e uma posterior aproximação à cultura POP em que podemos enquadrar Wanya, Escala em Orongo, não podendo pôr de lado o aparecimento da nova BD francesa, sobretudo a de Nicolas de Devil com Saga de Xam, que consideramos ter tido uma influencia decisiva na criação de Nelson Dias, no enquadramento plástico das pranchas, fazendo apelo à composição marcadamente POP no que respeita à narrativa imagética plástica, pela sua constituição eidética, num universo já marcado pelas mudanças post Maio de 68.
Evidente se torna, porém que toda uma consciência do SER Total, do homem enquanto habitante de um Universo desconhecido e misterioso, habitável por existências possíveis, compatíveis ou não com o “terrestre”, faz do autor um pesquisador insaciável de todas as verdades possíveis.

É neste universo total de possibilidades e realidades que surge a criação desta história cujo primeiro veículo narrativo é a imagem, sujeito fundamental nesta obra, e que, por isso mesmo é considerada uma peça fundamental na BD portuguesa. A sua qualidade plástica assim o exige!
Poderíamos aqui fazer toda uma análise, semiologica e plástica da obra, não que tal fosse fastidioso, mas para este fim, não oportuna.

Detivemos um pouco sobre Wanya, por razões desta homenagem, tendo o obra de Nelson Dias como pintor outras vertentes expansivas como foi dito, através da pintura e do desenho, coincidindo as fases posteriores com o sentido de novas relações do corpo com situações de alerta, seja em O Corpo e o Grito, seja em outras obras não tituladas em que o autor regista o seu sentido de critica social numa linguagem pictórica e gráfica expressa do ponto de vista da afirmação da sua linguagem pessoal.

No fim e depois dos anos oitenta, Nelson Dias regressa a um universo imagético próximo da premonição existencial, através da criação de formas paradigmáticas de um universo outro, passível de existências que não as nossas ou de outras, estas osmóticas entre seres inventados para outras formas do existir.

Assim, Nelson Dias, aqui hoje homenageado deixou-nos uma obra digna de grande referência nos campos pesquisa, operacionalidade e qualidade plástica.


Maria João Franco
17 de Agosto de 2008