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O Casa Amarela 5B -Jornal Online surge da vontade de vários artistas, de, num esforço conjunto, trabalharem no sentido de criar uma relação forte com o público e levando a sua actividade ao seu conhecimento através do seu jornal online.

Este grupo de artistas achou por bem dedicar o seu trabalho pintorNelsonDias, https://www.facebook.com/pages/Nelson-Dias/79280420846?ref=hl cuja obra terá sido muito pouco divulgada em Portugal, apesar de reconhecido mérito na banda desenhada, a nível nacional e internacional e de várias vezes premiado em bienais de desenho e pintura.


Direcção e coordenação: Maria João Franco.
https://www.facebook.com/mariajoaofranco.obra
contactos:
franco.mariajoao@gmail.com
+351 919276762


Friday, September 28, 2007

Para uma indefinição da arte - Nelson Dias


breve viagem

pela obra Nelson Dias


Para os apreciadores de Pintura a um nível superior, é uma exposição a divulgar e para meditar sobre os verdadeiros valores da estética contemporânea, tendo a obra de Nelson Dias sido um dos marcos mais importantes na História da Arte Portuguesa do sec. XX.


No MAC-Movimento Arte Contemporânea a inaugurar a
16 de Outubro de 2007

pelas 19 horas e a visitar até 16 de Novembro de 2007.


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Pequena viagem pela obra de Nelson Dias

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As obras assinaladas com * pertencem à família do autor,podendo,no entanto,algumas, ser adquiridas
para o efeito contactar MAC-Movimento Arte Contemporânea ou Casamarela5B -online



Para uma indefinição da arte

Toda a pesquisa tem obrigação de pressupor qual o seu objecto e o que, pelo menos, sumariamente ele é, e de optar por um método que, pelas provas de eficácia já dadas permita progredir no conhecimento do que ele é.
Mas o objecto estético, nascido do livre jogo da imaginação, livre até ao arbitrário e que, além de poder dispor de todas as riquezas da natureza ainda pode tirar partido do seu próprio fundo, apresenta-se-nos sempre com uma derrotante diversidade de conteúdos, aparências e categorias.
Se, para definir Arte, tivéssemos de utilizar apenas um critério universalmente válido, seria necessário ordenar e conjugar todas as suas particularidades (evidentes e aparentes)
e todos os elementos que nela influem de maneira mais ou menos determinante.
Tal empresa, porém, torna-se na prática impossível, pois os materiais dados à pesquisa não se apresentam todos no seu conjunto, nem na sua intrincada rede de inter-relações:
- os elementos que se mostram ao estudioso como desprovidos de interesse, ou apenas secundários, tiveram muitas vezes, para o artista mais importância do que aqueles que se mostram em toda a sua evidência, dado que os elementos dispersos e aparentemente superficiais adquirem, na sua relação criativa organizada, um sentido que os ultrapassa na sua elementaridade isolada.

(Por isso, qualquer abordagem do fenómeno artístico é sempre complexa e discutível, não só pela pluralidade de perspectivas que consente, mas também pelas divergências direccionais que os argumentos utilizados, com frequência tomam: -a contingência do discurso estético resulta, em parte, do carácter policêntrico do terreno de análise e, principalmente, da variabilidade dos contornos que o seu objecto de estudo foi historicamente adquirindo.)

Sendo a Arte um fenómeno que, na sua essência, se foi construindo a partir de uma “praxis” actuante pré-teórica em que as frequentes mutações formais se demonstram com frequência mais importantes do que as suas invariantes, devemos começar por nos interrogarmos sobre a validade dos conceitos disponíveis pela análise do já feito, ou do que se está a fazer e se eles poderão ser caracterizados e ordenados como dados definitivamente adquiridos.
Parece admissível supor que, no geral, a resposta será negativa, se, pelo menos, se pretender que os termos teóricos sejam definidos explicitamente por meio de um vocabulário anterior que não comporte outros termos para além dos já verificados.
Na indeterminação de campo em que se move o discurso estético, quase só se pode afirmar com segurança, ainda aqui, também relativa, que a Arte existe e que sempre existiu, mas demonstra-se mais incapaz quando se trata de elaborar dela uma definição convincente, com nitidez e abertura necessárias a uma permanente validade temporal.
A reserva que se levanta resulta em parte do facto de a Arte diferentemente da sua concepção actual (se é que existe um conceito hodierno de arte conformemente generalizado) não ter tido outrora e até em épocas históricas recentes, uma existência autónoma de uma preocupação estética exclusiva ou mesmo prioritária. (e, entendamos aqui “estética” num sentido suficientemente lato).
Apesar de não se pôr de lado a hipótese, nem que seja como mera hipótese, de sempre ter podido o artista, mesmo que num plano secundário ou inconsciente, uma difusa preocupação plástica, ele integrava-se no seio da sociedade cumprindo a sua função com a consciência de que o seu trabalho só seria considerado ao nível do de qualquer outra actividade artesanal e que a aceitação da sua obra seria resultante da eficácia significante a que ela se destinava. A função e a técnica tornavam-se nesta perspectiva objectivantes e as outras categorias limitavam-se a ser elementos mediadores, ainda que essenciais, para atingir a qualidade socialmente exigida: a “Arte” propunha-se então como uma espécie de teofania no interior do “ser colectivo “ profundo, em cada uma das suas impressões e operações na base de uma intencionalidade integradora na totalidade do real objectivo e como necessidade de o individuo se identificar com o que ele não é para melhor e mais seguramente se descobrir nos por vezes complexos sistemas de relação sígnica que contribuem para dar sentido e segurança à existência comunitária. Porém, o conceito de qualidade plástica permanecia fechado no âmbito restrito da resposta a questões já conhecidas, segundo códigos pré-estabelecidos e onde a especialidade estética não parecia ter cabimento dominante: paradoxalmente objectivar a visão transcendental do mundo colocando-o ao nível da vivência existencial.
Não é de estranhar que para a eficácia do processo fosse necessário haver estabelecido um conjunto de normas conceptuais e convenções tacitamente aceites por tradição, que facilmente permitiam a sua leitura, aceitação e, até, veneração. Porém, não devemos ter ilusões ou permitia a este respeito; a maior parte das leituras que a obra desencadeava ou permitia era muito mais de ordem religiosa ou cultual do que propriamente ou sequer estética. Mas, por outro lado, a importância significante que as imagens adquiriam, continha o destino da libertação expressiva dos significados nelas contidos, das relações entre os homens e estes a as coisas.
A submersão das aparências da realidade pelos significados imagéticos estabelecidos demonstrou-se como a via possível da descoberta do universal no particular e como o espaço propício ao desenvolvimento dos valores plásticos dos referentes implícitos nas formas da realidade teologicamente vivenciada.
Apesar disso, ou por isso mesmo, continuou a ser possível estabelecer um conjunto de características necessárias para que uma obra de arte se apresentasse como tal; mas quando os artistas e a ainda as embrionárias teorias estéticas falavam de determinados valores, tinham já no seu horizonte qualidades plásticas ou conjuntos especiais delas e principalmente certas propriedades, tais como rigor, expressão, originalidade, perfeição, coerência, unidade formal, etc.…É evidente a preocupação de objectividade que está presente neste quadro de valores (em muitos aspectos ainda actual) mas como é fácil constatar, qualquer uma destas propriedades, quando aplicada à fruição de uma obra de arte perde toda a sua eficácia analítica objectiva, pela subjectividade que envolve qualquer destes conceitos.
Mas é precisamente através dessa subjectividade dos conceitos, que parece só admitir um muito especial tipo de conhecimento, uma espécie de epistemologia ontológica que determina nos indivíduos uma capacidade para admitir desvios da sua própria vida interior para aceitar conteúdos psíquicos diferentes – a que podemos chamar “empatia estética”, de tal modo que cada Um se identifica com o Outro através dos objectos mediadores que lhe servem de expressão.
A tomada de consciência deste fenómeno conduz-nos para a tentativa de elaboração de quadros de valores e de conceitos que fixem para sempre as qualidades permanentes da obra de arte.

É natural que nesta base as tentativas de definição da Arte que têm sido elaboradas, pensadas e deduzidas a partir do modo como se foi manifestando.
Mas a validade do método tem que ser sempre posta em causa pelas características que esta vai adquirindo no seu processo de produção socialmente integrado.
Com efeito, uma abordagem empirista como a que atrás referimos, não pode admitir a fixação de uma linguagem que resulte dos predicados observados porque neste campo de análise é sempre necessário fazer intervir processos menos estritos e mais envolventes: em certos casos temos que admitir um conhecimento puramente pratico, noutros, deveríamos conseguir formular descrições teóricas mais amplas das regras ou dos elementos determinantes que balizam a prática artística. Assim, e numa perspectiva puramente pragmática, a Arte seria então uma característica de certos objectos produzidos pelo homem enquanto ser inteligente, que se manifesta pela capacidade de produzir nos outros uma emoção ou prazer, a que devemos chamar “prazer estético” e que conduza a um juízo de valor (ou gosto) sobre a obra em si mesma e a partir da sua intrínseca organização formal, cromática, tonal, gráfica e textural, ou seja, do domínio inventivo e expressivo dos elementos próprios da sua linguagem (aqui, apenas da linguagem pictórica).
É óbvio que esta tentativa de definição, que julgo no geral, tão aceitável como qualquer outra, enferma das ambiguidades naturais de outra qualquer definição.
Por exemplo, quando se diz “uma característica”, continua indefinida que característica ela é e quando falamos dos elementos próprios da arte pictórica (ou, pelo menos, dos fundamentais9 não podemos nem devemos normalizar de que modo eles se podem ou devem organizar para que possam “produzir nos outros” a “emoção ou prazer, a que devemos chamar efeito estético. Além disso, quando se afirma que a pintura utiliza os elementos próprios da sua linguagem com uma “intrínseca organização formal, cromática, etc.”, admite-se descontraidamente que a pintura aceita um código ou uma gramática e que as teorias que dizem respeito á comunicação ,possam explicar a Arte.
Mas se por “explicar a Arte” se entende caracterizar o fenómeno artístico segundo um juízo de valor, temos que admitir que a expressão pode ser uma apropriação abusiva dos termos das teorias da comunicação porque a pintura talvez possa não ser uma linguagem, ou não é mesmo uma linguagem no sentido mais restrito do termo. Por outro lado, os “juízos de valor” estão tão dependentes da informação, formação e sensibilidade, em suma, do gosto do fruidor que as considerações sobre a qualidade das obras parecem dependentes de factores que lhes são exógenos a tal ponto que frequentemente parece que a “qualidade” se encontra mais no fruidor do que na própria obra…

Nelson Dias
1991,Lisboa



NELSON DIAS______________________________

Nasceu em Matosinhos a 17 de Fevereiro de 1940.
Concluiu o Curso Superior de Pintura em 1964 na Escola Superior de Belas Artes do Porto/FBA-UP.
Realizou a sua primeira exposição individual na Galeria Quadrante – Lisboa, em 1968.
Nos anos que se seguiram realizou várias encomendas para Tapeçaria e, no campo da Pintura, realizou uma intensa pesquisa numa linguagem “Pop” que nunca veio a público.
Em 1972, publicou o álbum de banda desenhada “Wânya, Escala em Orongo” com texto de Augusto Mota, numa edição da “Assírio & Alvim”. Durante a sua carreira participou em inúmeras exposições colectivas em Portugal e no estrangeiro e realizou várias exposições individuais, de que se destacam as últimas: 1989 - “Anamnésias” – Galeria S. Francisco – Lisboa 1990 - “Metamorfoses” – Galeria AlfaMixta – Lisboa 1991 - “Géneses” – Galeria Espiral – Oeiras Prémios: 1985 – 1º Prémio na Bienal de Desenho da Cooperativa ÁRVORE – Porto – Portugal; 1988 – 2º Prémio no Concurso Internacional de Desenho Perez Villaamil – Corunha – Espanha; 1991 – 1º Prémio de Desenho na III Bienal de Escultura e Desenho das Caldas da Rainha – Portugal; 1992 – 1º Prémio de Pintura no V Concurso Internacional de Pintura de Freiburg – Alemanha. Está representado no Museu Armindo Teixeira Lopes, no museu Bello Pinero na Corunha-Espanha, no Museu da Caixa Geral de Depósitos e em inúmeras colecções particulares. À data do seu falecimento em 1993 fazia parte integrante do corpo docente da FBA-UL como Professor Agregado .

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_____________página de "Wânea,Escala em Orongo"____________________

BANDA DESENHADA PORTUGUESA
“WÂNYA – ESCALA EM ORONGO”

uma banda desenhada portuguesa para apreciar sem preconceitos

Nelson Dias, um pintor que se sentiu atraído pela linguagem da banda desenhada, confessa-nos que este meio de comunicação é a mais específica forma de arte que conhece.
Professor de Desenho na Escola Industrial e Comercial de Leiria desde 1964, Nelson Dias acaba de lançar, em edição da Assírio & Alvim, aquilo que pode ser considerado como o primeiro álbum de narração figurativa portuguesa de concepção moderna: Wânya – Escala em Orongo.
Dias é o autor dos desenhos e a seu lado encontra-se Augusto Mota, que escreveu o argumento deste álbum. Igualmente professor da Escola Industrial e Comercial de Leiria, Augusto Mota tem desenvolvido uma actividade constante na crítica literária e nas artes gráficas, tendo participado em diversas exposições colectivas de pintura.
Para Nelson Dias, a narração figurativa é um meio eficaz de comunicação, especialmente em Portugal, onde tudo está por explorar num domínio tão vasto e aliciante.
Perguntei a Nelson Dias quais os autores que mais o influenciaram na criação do seu estilo.”Não directamente”respondeu o desenhador,”mas Saga de Xam, de Nicolas Devil
Representou muito para mim, estimulando-me bastante no sentido da criação gráfica. Influências de outros autores, só por acaso é que as podia sentir.”


“Wânya”: uma banda desenhada portuguesa para apreciar sem preconceitos

(……….)

Três anos foram o tempo que levou a executar este álbum aos seus autores. Claro que este prolongado período só se compreende num país onde os quadrinhos não são ainda considerados como uma manifestação artística. Mas Mota e Dias confiam na boa recepção do seu trabalho por parte do público e da crítica. Ambos estão atentos ao que de mais importante se passa presentemente em Espanha, na Itália, na França, nos Estados Unidos…Autores como Esteban Maroto, Enric Slo, Victor La Fuente, Hernandez Palácios, José Bea, Guido Crepax, Philippe Druillet ou Robert Crumb significam muito para os dois criadores de Wânya. Certamente, que o impacto gráfico nestes autores é frequentemente superior à validade temática das suas histórias.
Um tipo de narração figurativa tomando como base a crítica da sociedade, ou seja, uma forma de arte de intervenção social, é aquilo que preocupa Nelson Dias e Augusto Mota.
Tudo isto é visível Wânya, onde se nota uma mensagem pacifista, de carácter universal, propondo-se a heroína desta história eliminar os derradeiros vestígios de uma civilização que pretende fazer da guerra a sua razão de ser.
Tendo perfeita consciência dos problemas que afectam o aparecimento de um estilo português de banda desenhada, Augusto Mota e Nelson Dias sugerem em Wânya uma das vias possíveis para a concretização da actividade normal neste sector de criação artística – reflectir nos quadrinhos os problemas que preocupam o homem de hoje ,servindo-se de uma concepção gráfica autónoma, sem qualquer referência obrigatória ás produções estrangeiras.

Wânya – escala em Orongo é a prova evidente de que pode existir uma banda desenhada portuguesa de qualidade. Mas a última palavra cabe, como não pode deixar
de ser ,ao público, que decidirá se deve apoiar ou contestar o esforço de Augusto Mota e Nelson Dias.

Vasco Granja
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MAC___________2007


Falar da pintura de Nelson Dias é tarefa difícil e apaixonante.
Pintor de formação seriamente académica e digo seriamente porque não é fácil assumi-lo em dias que correm, em épocas em que o fazer não evoca de todo o conhecimento, a capacidade e talento de quem o faz.
Na sua multifacetada capacidade como artista e pedagogo, Nelson Dias conquistou sem esforço, nem disfarce, a apreciação de fruidores e alunos.

A imensa e global tendência de interesses fez deste Artista um dos maiores criativos portugueses do sec. XX.
Como tal, e numa aventura marcadamente portuguesa, foi sempre contestado, pelos “menores”, nos seus efémeros pedestais …

Uma série de jogos em cadeia, como os que sempre se repetem ao nível das pseudo-culturas deste país, submergindo tudo e todos aqueles que se revelam e são de facto provadamente superiores, rodeou este homem, que deveria ter sido louvado em vida por todos os que com ele conviveram.

Alguns críticos souberam abordar sabiamente a sua obra, como distinta e soberana.
Falamos de Margarida Botelho, Emídio Rosa Oliveira, Isabel Carlos, Porfírio Alves Pires.
Falamos ainda de toda a critica ligada à nova banda desenhada de que Nelson Dias foi pioneiro em Portugal, com “Wânya-Escala Orongo”, cuja 2ªedição virá a público, numa nova edição.

Nelson Dias deixou com o seu prematuro desaparecimento uma obra digna de ser reapreciada por quem de direito, por críticos e historiadores deste tempo, categorizados e à sua altura e capacidade.

É, por tudo isto, que o MAC-Movimento Arte Contemporânea tem o orgulho maior em apresentar esta retrospectiva “As Formas de Existir” de parte da obra de Nelson Dias que merece de todos nós, de todas as áreas de actividade o maior respeito e esperamos, com toda a determinação e orgulho, ter levantado a ponta do véu que cobre esta obra de tanta ingratidão e silêncio.

Álvaro Lobato de Faria
Director Coordenador do MAC
Movimento Arte Contemporânea

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